Os
Três Reis Magos são personagens bíblicos que visitaram Jesus quando do seu
nascimento, logo após terem avistado no céu a Estrela de Belém. Essa imagem nos
é bastante conhecida e familiar. Ocorre que existem informações astrológicas
contidas nesse evento que raramente são mencionadas.
O
registro mais conhecido sobre os Reis Magos encontra-se na Bíblia, no Evangelho
de Mateus 2:1, que os descreve como “homens que estudavam as estrelas”. O texto
não menciona seu número, mas foram associados a três por causa dos diferentes
tipos de presentes que levaram: ouro, incenso ou olíbano e mirra. Tal concepção
surgiu no séc. VII d.C. Já a tradição oriental falava que eram doze.
Quem
melhor os descreveu foi S.Beda, o Venerável (673-735 d.C.) em seu tratado
“Excerpta et Colletanea”, que disse: “Melquior era um velho de setenta anos, de
cabelos e barbas brancas e vinha de Ur, terra dos Caldeus; Baltazar era mouro,
tinha quarenta anos e barba cerrada, vinha do Golfo Pérsico; e Gaspar, o mais
novo, tinha vinte anos, era robusto e saíra de uma região montanhosa perto do
Mar Cáspio”. Com relação aos seus nomes, Gaspar significa “Aquele que vai
inspecionar”, Melquior “O Rei é minha luz” e Baltazar “Deus manifesta o Rei”. O
termo Reis também foi acrescentado mais tarde. Eles foram nomeados Reis porque
antigas profecias diziam que reis prestariam homenagens ao Messias.
O
fato relevante é que a palavra mago deriva do latim magus e do grego mágos e
significa sábio e sacerdote da Pérsia. Os Mágoi, ou Magos, faziam parte de uma
casta sacerdotal detentora de todas as ciências, inclusive as ocultas.
Dedicavam-se ao estudo da Astrologia e Astronomia. Tratavam-se de sacerdotes da
religião zoroástrica e teriam ligação com Balaão, contemporâneo de Moisés
(Números 24:17).
Já
a Estrela de Belém foi um evento astronômico com grande significado astrológico
que apenas sábios, estudiosos e Astrólogos conheciam e a que essa ocorrência se
referia. Mateus chamou-a a Estrela da Palestina.
A
Astrologia nesse período tinha um papel muito importante no oriente médio, por
isso seria natural associar um evento celeste ao nascimento de Jesus, assim
como se associou um eclipse à morte de Herodes e um cometa ao assassinato de
Júlio César em 44 a.C. Estrelas em movimento ou cadentes pressagiavam a morte
de grandes homens ou nascimento de deuses, como Agni, Buda e Cristo.
Foi
Johannes Kepler, Astrólogo, astrônomo e matemático que, em 17 de dezembro de
1603, na cidade de Praga, fez as primeiras associações astronômicas à Estrela
de Belém. Ele estava observando em seu simples telescópio a conjunção de
Júpiter e Saturno na constelação de Peixes. Essa conjunção fazia com que os
dois planetas somassem seus brilhos e se parecessem com uma nova estrela, muito
brilhante. Sendo um homem estudioso e postulante a pastor, Kepler lembrou-se do
que havia lido num texto do Rab. Abravanel (1437-1508). Os Astrólogos judeus
diziam que quando Saturno fizesse conjunção com Júpiter em Peixes o Messias
viria. Isto porque sabiam, e os Magos também, que a constelação de Peixes era
conhecida como Casa de Israel, era o signo do Messias e sinal do fim dos
tempos. Júpiter era a estrela real da casa de Davi e do príncipe do mundo e
Saturno, a estrela protetora de Israel, da Palestina no oriente. Assim, eles
compreenderam, por meio dos significados astrológicos dos planetas e da
constelação envolvidos, que o Senhor do final dos tempos havia nascido.
Essa
conjunção durou cinco meses durante o ano 7 a.C. – provável ano efetivo de
nascimento de Jesus – de 29 de maio a 08 de junho, de 26 de setembro a 6 de
outubro e de 05 a 15 de dezembro e pôde ser vista com grande nitidez e
claridade na região do Mediterrâneo. Kepler julgou ter encontrado a Estrela de
Belém, mas não levou o assunto adiante.
Foi
apenas em 1925 que esse tema voltou a ser estudado. O estudioso alemão Paul
Schnabel encontrou registros dessa conjunção em tabuinhas de argila datadas da
antiga Babilônia e do período neo-babilônico. Essas pequenas tábuas estão em
escrita cuneiforme e são registros astrológicos da antiga Escola de Astrologia
de Sippar (Zimbir em sumério, Sippar em assírio-babilônio), atual sítio
arqueológico de duas antigas cidades da baixa Mesopotâmia e separadas por
apenas sete quilômetros na Babilônia, atual Iraque. Escavações realizadas no
final do séc. XIX encontraram ainda os restos de um templo e um zigurate
dedicado a Shamash – deus solar, Ebabbar – e o antigo escriba da Escola de
Astrologia. Atualmente, essa tabuinhas encontram-se no Museu de Berlim,
Alemanha.
Enfim,
os Magos, Astrólogos que eram, conheciam bastante bem o significado astrológico
desse evento celeste conhecido como Estrela de Belém. Foi por isso que levaram
como presentes o ouro, que representa a realeza; o incenso ou olíbano, que
representa a fé, a oração que chega a Deus como a fumaça sobe aos céus (Salmos
141:2) e a mirra, resina anti-séptica usada em embalsamamentos desde o Egito
antigo, remetendo à morte de Jesus.
Na
Catedral de Colônia, Alemanha, existem três caixões revestidos de ouro no
altar-mór, transladados da Itália no séc. XII. Desde 1164 os restos mortais ali
contidos são atribuídos a Gaspar, Melquior e Baltazar.
Em
várias partes do mundo os Magos são festejados e celebrados, inclusive aqui no
Brasil. Sua festa é conhecida como a Festa de Santos Reis, importante
manifestação cultural brasileira e celebrada todo dia 6 de Janeiro. E não por
acaso, esse também é o dia em que comemoramos o Dia do Astrólogo!!
Fonte: http://www.astrobrasil.com.br/site/artigos/os-tres-reis-magos/
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